Contributos para o Estudo dos Determinantes Sociais de Saúde na Área Metropolitana de Lisboa
DOI:
https://doi.org/10.59072/rper.vi67.539Palavras-chave:
Saúde, Determinantes sociais de saúde, Desigualdades sociais de saúde, Indicadores socioeconómicos, Área Metropolitana de LisboaResumo
A saúde é determinada por um conjunto multifacetado de fatores, nem sempre fáceis de selecionar e analisar, mas cujo estudo é essencial para a adoção de respostas adequadas, duradouras e promotoras de comunidades mais justas e saudáveis. O presente artigo visa estudar os determinantes sociais de saúde na Área Metropolitana de Lisboa (AML), especificamente: pobreza/privação material; habitação; acesso à saúde; trabalho; e educação. A pesquisa e análise documental focada nos determinantes em estudo foi suportada por diferentes fontes oficiais nacionais e regionais. O estudo dos determinantes na AML evidenciou tendências positivas e negativas. É a região do país com menor risco de pobreza/privação material; tem os trabalhadores mais qualificados e apresenta os níveis de escolaridade mais altos. Em contraposição, os indicadores de privação habitacional são os mais elevados; apresenta indicadores preocupantes ao nível do abandono escolar precoce nas mulheres e insuficiência no acesso aos cuidados de saúde primários, nomeadamente ao médico de família. Torna-se, assim, crucial investir em medidas promotoras do acesso a cuidados de saúde primários na AML e em políticas públicas que promovam o acesso à educação, previnam o abandono escolar e proporcionem o acesso a habitação condigna, pressupondo-se uma abordagem de proximidade, integrada, multidisciplinar e intersectorial.
Referências
Allen, L., Williams, J., Townsend, N., Mikkelsen, B., Roberts, N., Foster, C., Wickramasinghe, K. (2017). Socioeconomic status and non-communicable disease behavioural risk factors in low-income and lower-middle-income countries: a systematic review. The Lancet Global Health, 5(3), pp. e277-e289.
Almendra, R., Santana, P., Vasconcelos, J. (2017). Evidence of social deprivation on the spatial patterns of excess winter mortality. Int J Public Health, 62, pp. 849-856.
Aragón, M., Chalkley, M., Goddard, M. (2017). Defining and measuring unmet need to guide healthcare funding: identifying and filling the gaps. York: Centre for Health Economics, University of York. Disponível em: https://eprints.whiterose.ac.uk/135415/1/CHERP141_need_healthcare_funding.pdf
Azevedo, A. B. (2020). Como vivem os portugueses – população e famílias, alojamentos e habitação. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Banco Mundial (2021). Understanding poverty. Disponível em https://www.worldbank.org/en/understanding-poverty
Bax, A. (2016). Moving upstream: Understanding the wider determinants of health. The Health Foundation “A Healthier Life For All: The Case For Cross-Government Action”.
Bento, N., Tavares, H. (2020). Relatório de contexto de monitorização AML 2014-2019. Lisboa: Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo.
CCSDH - Canadian Council on Social Determinants of Health (2010). Redução das desigualdades no período de uma geração. Igualdade na saúde através da ação sobre os seus determinantes sociais. Lisboa: Organização Mundial de Saúde.
CCSDH - Canadian Council on Social Determinants of Health (2015). A Review of Frameworks on the Determinants of Health. Canadian Council on Social Determinants of Health.
Comissão Europeia (2021). Políticas no domínio do ensino e da formação em matéria de abandono escolar precoce. Disponível em: https://ec.europa.eu/education/policy/school/early-schoolleavers_pt
Conceição, S. L. L. (2019). Investigação sobre Desigualdades Sociais de Saúde em Portugal: Breve Panorama a partir de uma Revisão da Literatura. Sociologia, Problemas e Práticas, 89, pp. 97-113.
Dahlgren G., Whitehead, M. (2006). European Strategies for Tackling Social Inequities in Health: Levelling Up. part 2, Copenhagen: WHO Regional Office for Europe.
DRE – Diário da República Eletrónico (1976). Lei n.º 86/1976. Disponível em https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/337/202006090926/127994/diploma/indice
EAPN (2021). O que é a pobreza? Disponível em https://www.eapn.pt/o-que-e-a-pobreza
EAPN Portugal (2020). Pobreza e Exclusão Social em Portugal – Relatório 2020. Observatório Nacional Luta Contra a Pobreza.
Evans, R. G., Barer, M. L., Marmor, T. R. (1994). Why Are Some People Healthy and Others Not? The Determinants of Health of Populations. Aldine de Gruyter.
Ferrão, J, Delicado, A. (2019). Portugal Social em Mudança Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Garbois, J. A., Sodré, F., Dalbello-Araujo, M. (2017). Da noção de determinação social à de determinantes sociais da saúde. Saúde debate, 41, pp. 63-76.
Guio, A.-C., Gordon, D., Najera, H., Pomati, M. (2017). Revising the EU material deprivation variables. EUROSTAT.Hagell, A., Shah, R., Viner, R., Hargreaves, D., Varnes L., Heys, M. (2018). The social determinants of young people’s health: Identifying the key issues and assessing how young people are doing in the 2010s. Health Foundation Working Paper. London: Health Foundation.
INE (2021a). Área Metropolitana de Lisboa em Números – 2019. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
INE (2021b). Indicador 13758 - Taxa de privação material (%) por Local de residência (NUTS - 2013); 2019. Obtido de Sistema de Metainformação do INE. Disponível em https://smi.ine.pt/
INE (2021c). Indicador 9628 - Intensidade da privação material (N.º) por Local de residência (NUTS - 2013); 2019. Obtido de Sistema de Metainformação do INE. Disponível em https://smi.ine.pt/
INE (2019a). Anuário Estatístico da Área Metropolitana de Lisboa – 2018. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.
INE (2019b). Inquérito às condições de vida e rendimento. Documento Metodológico Versão 3.7. Instituto Nacional de Estatística.
Lawrence, E. M. (2017). Why Do College Graduates Behave More Healthfully than Those Who Are Less Educated? Journal of health and social behavior, 58 (3), pp. 291-306.
Linder, A., Spika, D., Gerdtham, U. G., Fritzell, S., & Heckley, G. (2020). Education, immigration and rising mental health inequality in Sweden. Social Science & Medicine, 264, 113265.
Lovell, N., Bibby, J. (2018). What makes us healthy? An introduction to the social determinants of health. London: Health Foundation.
Lucyk, K., McLaren, L. (2017). Taking stock of the social determinants of health: A scoping review. PLoS ONE, 12(5), e0177306.
Marmot, M., UCL Institute of Health Equity (2013). Review of social determinants and the health divide in the WHO European Region: final report, 2014 update. Copenhagen: World Health Organization. Regional Office for Europe.
Ministério da Saúde (2019). Relatório Anual Acesso a Cuidados de Saúde nos Estabelecimentos do SNS e Entidades Convencionadas em 2019.
OECD/European Observatory on Health Systems and Policies (2019), Portugal: Perfil de Saúde do País 2019, OECD Publishing, Paris/European Observatory on Health Systems and Policies, Brussels, https://doi.org/10.1787/75b2eac0-pt.
OIT (2019). Segurança e saúde no centro e futuro do trabalho. Genebra: OIT.
OMS. (1978). Declaration of alma-ata (No. WHO/EURO: 1978-3938-43697-61471). World Health Organization. Regional Office for Europe.
OMS (2021). Social determinants of health. Disponível em https://www.who.int/health-topics/social-determinants-of-health#tab=tab_1
OMS (2019). Une collaboration renforcée pour une meilleure santé: plan d’action Mondial pour permettre à tous de vivre en bonne santé et promouvoir le bien-être de tous. Renforcer la collaboration entre les organisations multilatérales pour accélérer les progrès des pays en vue d’atteindre les cibles des objectifs de développement durables liées à la santé. Genève: OMS.
OMS Regional Office for Europe (2019b). Evidence and resources to act on health inequities, social determinants and meet the SDGs. Copenhagen, WHO Regional Office for Europe.
OMS (2019c). Implementation of the 2030 Agenda for Sustainable Development. Genebra.
OMS (2018). WHO Housing and Health Guidelines. Organização Mundial de Saúde.
OMS (2018b). Preventing disease through a healthier and safer workplace. Geneva: World Health Organization.
OMS (2017). Reducing health inequities through intersectoral action on the social determinants of health. Victoria Falls: WHO Regional Office for Africa.
OMS (2010a). Declaração de Adelaide sobre a Saúde em Todas as Políticas: no caminho de uma governança compartilhada, em prol da saúde e do bem-estar. Adelaide: OMS. OMS (2010b). A conceptual framework for action on the social determinants of health. World Health Organization. Disponível em https://apps.who.int/iris/handle/10665/44489
OPSS (2015). Acesso aos cuidados de saúde. Um direito em risco? Relatório de Primavera 2015. Disponível em https://www.opssaude.pt/relatorios/relatorio-de-primavera-2015/
OPSS (2019). Saúde um Direito Humano. Relatório de Primavera 2019. Disponível em https://www.opssaude.pt/relatorios/relatorio-de-primavera-2019/
Rodrigues, F. M. C. (2018). Cáritas de Setúbal: contributos para a cidadania [Dissertação de mestrado, Iscte - Instituto Universitário de Lisboa]. Repositório do Iscte. Disponível em http://hdl.handle.net/10071/18400
Pereira, E. F. (2010). Observar a pobreza em Portugal: uma leitura crítica das principais abordagens à operacionalização do conceito de pobreza, Fórum Sociológico, Série II, 20/2010, pp. 57-66.
Pereirinha, J. A., Pereira, E. (2019). Défice Social e Pobreza Relativa: uma análise da adequação do bem‐estar e da segurança económica em Portugal, DT/WP nº 65, Lisboa ISEG.
Ramprasad, A., Qureshi, F., Jones, B. J. L. (2020). Contributions to Health Disparities Observed in the COVID19 Pandemic. Journal of the National Medical Association, 112(5), S13.
Rodrigues, C.F., Figueiras, R., Junqueira, V. (2016). Desigualdade do rendimento e pobreza em Portugal: As consequências sociais do programa de ajustamento. Lisboa: FFMS.
Rolfe, S., Garnham, L., Godwin, J., Anderson, I., Seaman, P., Donaldson, C. (2020). Housing as a social determinant of health and wellbeing: developing an empirically-informed realist theoretical framework. BMC Public Health, 20(1138).
Sauders, M.; Barr, B.; McHale, P.; Hamelmann. C. (2017). Key policies for addressing the social determinants of health and health inequities. Copenhagen: WHO Regional Office for Europe (Health Evidence Network Synthesis Report 52).
Sen, A. (1992). Sobre conceptos y medidas de pobreza in Comercio Exterior, 42(4), pp. 310-322. Disponível em http://revistas.bancomext.gob.mx/rce/magazines/257/2/RCE2.pdf
Silva, P. A., Carmo, R. M., Cantante, F., Cruz, C., Estêvão, P., Manso, L., Pereira, T. S. (2020). Trabalho e desigualdades no Grande Confinamento. Estudos CoLABOR, N.º 2/2020.
Solar, O., Irwin, A. (2010). A conceptual framework for action on the social determinants of health. Social Determinants of Health. Discussion Paper 2 (Policy and Practice). Geneva: WHO.
Suhrcke, M., Nieves, C.P. (2011). The impact of health and health behaviours on educational outcomes in high-income countries: a review of the evidence.. World Health Organization.Regional Office for Europe.
Weinstock, D. (2018). Les déterminants sociaux de la santé: Un défi pour l’éthique de la décision dans le domaine des politiques de santé. Éthique publique, 20(2).
Woolf, S.H., Aron, L.Y., Dubay, L., Simon, S.M., Zimmerman, E., Luk, K. H. (2015). Are income and wealth linked to health and longevity? Washington, DC: Urban Institute.
Xiuyun W, Qian W, Minjun X, Weidong L, Lizhen L. (2020) Education and stroke: evidence from epidemiology and Mendelian randomization study. Sci Rep. 2020 Dec 3;10(1):21208.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2024 RPER
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.